Nota de Despedida

Há cerca de quatro anos, numa chuvosa tarde de inverno, surgiu esse projeto.
Não era nenhuma novidade, um blog literário com ciclo mensal de postagens.
Nada mais prosaico que isso.
Apesar da evidente falta de originalidade, a ideia foi evoluindo. Muito mais pelo talento de todos os colaboradores do que por qualquer outro motivo.
Naquele agosto surgiram os primeiros textos, as primeiras pérolas, que logo levaram a outros e outras e que agora já são mais de 300.

Sobre os cooperandos, a princípio seríamos apenas jaraguaenses, natos ou radicados, mas novos parceiros foram sendo indicados e logo ultrapassamos as montanhas de nosso vale. Alguns dos antigos fundadores permaneceram, outros adentraram por outros caminhos e partiram, mas cada um deles deixou um pouco de si nas páginas virtuais dessa cooperativa de escritores.

É nesse clima de nostalgia que encerro nessas linhas essa singela nota de despedida.
Por motivos diversos (pessoais, profissionais e cósmicos) decidi dar uma pausa nas atividades do blog por tempo indeterminado.
A todos os fiéis leitores (poucos e bons) um obrigado bem sincero, um forte abraço e até breve!

Prof. Tiago Nascimento

 

“Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos” (Pessoa)

 

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AUTOR CONVIDADO: Marlise Julião

Nossa Cultura

Nossa cultura (do latim colere, que significa cultivar) é vasta e riquíssima, com personagens maravilhosos que atiçavam nosso imaginário mundo infantil, quando a beira de fogueiras, nossos pais, tios, ou avós, contavam aventuras mirabolantes, desde fugir da Mula sem Cabeça e do Curupira em meio as matas, até o pitoresco ritual para se pegar o Saci Pererê!
Estamos matando nossa cultura, nossos personagens folclóricos mofam nas bibliotecas, enquanto endeusamos a cultura americana comemorando datas que nem nos dizem respeito.
Quando é que algum americano comemora qualquer coisa que seja ligada a cultura brasileira?
Americanos não sabem nem qual é a capital do Brasil, noventa e nove por cento deles acham que é Buenos Aires! Como podemos renegar assim nossa cultura?
Como podemos sepultar esse conhecimento?
Será que temos como cultura somente o Carnaval?
Será que nossa cultura está resumida a uma semana de batuques e “sambadinhas” ?
Vamos assistir de camarote e braços cruzados a extinção de nossos personagens folclóricos, enquanto a cultura estrangeira se expande?
Uma cultura rica como a nossa, oriunda da miscigenação de nosso povo, não pode ser desprezada assim. Que tal desligarmos a televisão, reunirmos a família em volta de um livro de estórias brasileiras, que tal passarmos o legado de nossa cultura para as futuras gerações ?
Nossa vida está corrida sim, mas nada nos impede de pegar um livro, pelo menos dez minutinhos, e ler para os filhos, para amigos, ou até mesmo lermos sozinhos.
O Sací Pererê, a Mula sem Cabeça, o Curupira e toda a turminha agradece! A sobrevivência da Cultura Brasileira está literalmente em nossas mãos …

Marlise Julião

“MINI-BIO”

Meu nome é Marlise de Fátima de Oliveira Julião.
Tenho 46 anos, gaúcha, mulher, mãe, trabalhadora.
Amante da Língua Portuguesa e suas rimas.
Poetisa desde os primeiros beabás.
Já ganhei o concurso ” O versinho mais cafona”, com apenas 8 aninhos de idade.
Exímia nas palavras, aos 12 anos fui até ameaçada de prisão nos tempos da Ditadura, por ter escrito uma redação criticando o governo militar.
Fui chamada na sala da Direção e advertida pela diretora, á moderar com o que escreveria daquele dia em diante, para o meu bem e de toda a minha família.
Parei de escrever…
Mas o sonho superou o medo, e aos 18 anos, refeita do trauma, voltei lentamente a brincar com as palavras.
Em 1997 tive um inusitado sonho … sonhei com a Xuxa.
E nesse sonho, eu declamava um poema para ela, acordei e coloquei aquelas palavras no papel.
Mais tarde registrei o poema e enviei para a Produção da Xuxa via fax e fui pra casa.
No outro dia retornei ao serviço de fax e tinha uma pilha de fax enviadas á mim pela produção, dizendo que Marlene Mattos havia adorado meu poema, e pensava em vê-lo musicado e gravado no décimo primeiro CD da Rainha dos Baixinhos.
No sábado me ligaram e falei com a própria Marlene Mattos, fui ao Rio de Janeiro para acertar os detalhes.
Não entramos em acordo. Eu queria dinheiro vivo. Ela queria me pagar direitos sobre a execução da obra.
Voltei pra casa sem acordo.
Mas nunca mais pare de escrever.
Em 1999 durante a Copa América do Paraguai, fiz um poema para a Seleção Brasileira, enviei para uma rede de TV retransmissora da Rede Bandeirantes, que me buscou em casa e me levou até ao Hotel da Seleção Brasileira.
Entrei disfarçada de Jornalista da Band, consegui conhecer todos os jogadores, entre eles os meu favoritos, Roberto Carlos e Amoroso.
Entreguei o poema pessoalmente ao Roberto Carlos e ao Ronaldinho, Roberto se emocionou, agradeceu e guardou o poema, que ficou guardado junto á eles, durante toda a Copa América. Eles foram campeões. Concedi entrevistas á vários jornais, inclusive da Espanha, canais de TV. Fui convidada em programas de rádio, onde recitei o poema.
Com esse poema, participei de um Concurso, a nível de Mercosul, e em meio a 2.500 poetas de Brasil, Argentina e Paraguai, fiquei em quinto lugar, uma honra para mim.
Continuo escrevendo poemas e crônicas.
Fui cronista do Jornal Folha SC, tive textos publicados na Revista Blush, durante algum tempo fui cronista reserva do Correio do Povo, porém nunca fui efetivada.
Faço parte do Blog do Luis Nassif e também tenho meu próprio Blog.
Mas meu sonho é publicar um livro de crônicas e poemas.

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PARABÉNS JARAGUÁ DO SUL! A CIDADE LITERÁRIA (Marcelo Lamas)

Nesta passagem de mais um aniversário da nossa cidade quero homenagear um dos principais patrimônios culturais: A “Ciranda Literária de Jaraguá dos Sul”, que é o encontro daqueles que são apaixonados pela literatura, onde os leitores são os personagens principais e têm a oportunidade de compartilhar suas experiências lidas, além de conhecer e conversar com autores que prestigiam as reuniões.
Particularmente, há muita interferência da ciranda na minha história de vida: quando comecei a frequentá-la tinha algumas publicações em jornais e isso me era suficiente para divulgar minhas crônicas. Foi o convívio e o incentivo dos escritores e capitães voluntariosos dos encontros literários como Carlos Schroeder, Gil Salomon, Ana Janete e Nilza Helena que me fizeram buscar caminhos que culminaram na procura por oficinas na tentativa de aprimorar meus textos e, posteriormente, nas minhas publicações em livros. Por estes motivos fico convidando pessoas para irem à ciranda e para que também passem a escrever “publicamente”, já que a leitura é o nosso principal combustível.
A literatura jaraguaense tem uma produção muito significativa com duas editoras atuando fortemente na cidade. Outro dia, numa única sessão da ciranda literária tínhamos quinze autores locais, com livros publicados, ali presentes espontaneamente, digo, sem terem sido “convocados”. Havia também pelo menos uma dezena de outros novos autores que usam seus blogs e fanpages para divulgar seus textos. Lembro que no 1º Festival Nacional do Conto, nascido nesta latitude, um instrutor forasteiro ficou impressionado com quantidade de autores aqui do condado. O belo trabalho do Loreno Hagedorn na organização do dicionário biobibliográfico “Panorama da Literatura Jaraguaense” registra bem este fenômeno.
Nascida como Círculo de Leitura, a Ciranda Literária tem há alguns anos a Biblioteca Pública Municipal Rui Barbosa como sua casa oficial. Certa vez, quando comentei que iria para o encontro, me perguntaram: “Como se faz para entrar para esta seita?”. Para participar basta chegar à antiga estação de trens e abrir a porta. As reuniões ocorrem na última quarta-feira de todo mês e há uma comunidade no facebook com informações atualizadas.
O poeta Mario Quintana sintetizou assim a importância do nosso passatempo preferido: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”.
P.S.: A turma da Ciranda Literária de Jaraguá do Sul espera por você!

MARCELO LAMAS, escritor. Gaúcho que escolheu Jaraguá do Sul para viver há 19 anos.
marcelolamas@globo.com
#jaraguaegigante

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